Apicultura Russa (Parte 1)

Pude finalmente ir fazer algum “Turismo Apicola” mesmo antes de regressar.

Comecei por sair de casa com o termometro a marcar 19 C abaixo de zero, num dia em que acabara de amanhecer mas que eram ja 10h da manha. Apenas passaram 3 semanas desde o solesticio de Inverno e os dias comecam a crescer de forma mais vincada, acelerando e sendo notoria a diferenca de tempo de luz a cada dia que passa.

Apanhei um autocarro…depois outro…

Procurei o numero da porta, e la estava, a Associacao de Apicultores dos Urais.

Entrei, desci e pude finalmente ratirar as luvas e desabotoar o casaco.

Esperavam m 2 apicultores, 1 deles que falava algum Ingles.

Terei sido o apicultor Portugues que mais perto do Artico andou a fazer turismo apicola? Nao sei…mas provavelmente sim.

Comecei por ver o material, as enormissimas colmeias que usam (geralmente so usam 1a meia alca). Axo que nao sao Dadant, que sao maiores. Nao pude medir.

As abelhas daqui sao Negras, sao todas abelhas locais. O ultimo voo que fizeram foi a meio de Outubro…o proximo sera entre o fim de Marco e a primeira semana de Abril. Eles ja experimentaram outras abelhas, mas nenhuma resistiu ao Inverno de 5 meses sem sair de casa.

A Epoca de fecundacao aqui resume s a 8 semanas divididas entre fim de Junho e Inicio de Agosto.

2015 foi o pior ano de que ha registo, com sobretudo os pequenos apicultores a pagarem a fatura e a perderem mais de 70% das colmeias. Houveram apenas 10 dias consecutivos de tempo perfeito para a recolha, em que muitas rainhas fecundaram e as colmeias de produccao ganharam 30kg de peso…sim, ganho de 30kg em 10 dias!

As tilias e o girassol sao as principais colheitas nesta regiao. Falamos de florestas de tilias com centenas de ha, falamos de campos de girassol com 3 folhas de crescimento distintas e com mais de 100ha por folha de cultura.

Aqui uma colmeia pode num ano muito bom produzir cerca de 120kg de mel, se for transumada. Mas os timings sao todos muito apertadinhos.

A apicultura profissional desta regiao conta com cerca de 50 apicultores (esta regiao e sensivelmente do tamanho de Portugal). Nao se sabe quantos amadores ha, mas geralmente 1 por aldeia, com entre 4 e 20 colmeias artesanais e feitas pelo proprio apicultor.

Os problemas com a varroa sao comuns aos nossos, o nosema tambem. Geralmente fazem apenas 1 tratamento anual, mas este ano foram obrigados a 2. O oxalico e o tratamento de Inverno de eleicao. Ja para a nosema, usam uma mistura de oleos essenciais em que colocam 1g no alimento liquido.

Este apicultor profissional tem cerca de 250 colmeias, a sua produccao media de mel e de cerca de 8 ton, o que convertido em Rublos e um excelente salario! Mas diz que num ano excepcional pode chegar a perto de 20ton, e neste verao nao atigiu as 4ton.

Vi pela primeira vez pao de abelha a ser vendido, mas no meio da conversa esqueci m de perguntar como o colhiam.

Dentro de dias publico as fotos e mais alguma informacao gira. Materiais que comprei, uns como recordacao…outros para copiar e aplicar na minha apicultura.

 

Sobre abelhasdoagreste

Jovem, apicultor apaixonado e que comercializa inovação apícola.
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17 respostas a Apicultura Russa (Parte 1)

  1. apibeiras diz:

    Muito Bom. Pelo nome, deduzo que estejas na Sibéria. Realmente uma oportunidade a não perder. Numa próxima viagem, também tenho perspectiva de fazer turismo apícola, entre apicultores.

    Estive há uns anos na Turquia e consegui visitar locais de venda de produtos apícolas (não só mel) e tirei umas fotografias, que quando as encontrar publico no blog. No entanto, nessa altura fazer esse tipo de turismo mais focado seria non-sense. Não perco a oportunidade numa próxima vez. Gostei da ideia/sugestão, obrigado.

  2. Eduardo diz:

    Bom dia afonso! Tenho uma questão eu posso ser socio de uma assiciação que esteja fora do meu conselho?

  3. afonso diz:

    Sim pode! Ate fora do distrito.
    Leia bem os estatutos…algumas obrigam a entregar a producao, outras podem nao se reger por principios que nos sejam caros. Algumas cobram pela declaracao de existencias.
    A minha e pequenina, mas tem um excelente tecnico.

    Abraco!

    • Carlos Figueiras diz:

      Boa Noite Afonso!
      2 Questões!
      Nas zonas controladas, eu tenho que obrigatoriamente usar os tratamentos que a associação
      dessa zona adquire?
      Estive a ler e pelo que percebi, diz que não posso introduzir raças não autóctones nas zonas controladas.Por exemplo se eu quiser introduzir por exemplo uma buckfast não posso,ou estou errado? e em relação a uma ibérica hibrida, já posso introduzir?

      Abraço

      • Oi Carlos, de facto a lei nao explica bem.

        Dentro da zona controlada, usa o tratamento da associacao se quiser. Tem de o adquirir, mas quem vai controlar o seu uso…geralmente ninguem.
        Ha imensas abelhas de outras racas dentro de zonas controladas, pedigree nao e pedido, nao ha um padrao de cor nem de index cubital definido para a abelha Iberica…Portanto o que sera uma abelha Iberica?

        Nada disto esta bem definido. E se viessem impingir um Bayvarol…eu nao o metia dentro da colmeia em certas zonas do pais com resistencia aos piretroides.

        O que tem mesmo de ter e as analises da cria antes de transumar para a zona controlada e a declaracao de transumancia. Apiario marcado com numero de apicultor e caderno de apiario. Nada mais lhe pode ser exigido.

  4. Eduardo diz:

    Eu vou ser sincero eu queria associar-me, para ter acesso a melhores preços nos produtos para combater a varroa!

  5. Bela viagem, pena não ter descoberto o processo de extração do pão de abelha. Uma questão: com um inverno tão longo onde a rainha deve fazer um shutdow da postura por algum tempo, como que a varroa resiste a tão grande período?

  6. Eduardo Gomes diz:

    Boa tarde Luís
    Em países frios, no que respeita à varroa, a apicultura é muito mais simples que no nosso país.

    Um estudo/sinopse ilustra claramente este ponto: ” em zonas de clima temperado/frio em colônias com criação apenas durante metade do ano a população de ácaros pode aumentar 12 vezes e 800 vezes em colônias com criação durante todo o ano. Isso faz com que o ácaro seja muito difícil de controlar, especialmente em climas mais quentes, onde as colónias mantêm criação durante todo o ano.” fonte http://entnemdept.ufl.edu/creatures/misc/bees/varroa_mite.htm

    Afonso acerca do pão de abelha como o conservam até ao momento da comercialização?

  7. afonso diz:

    Pareceu m ser seca como o polen, pois estava fora do frio.

  8. Eduardo Gomes diz:

    Luís, os meus desejos que mantenham a ilha de S. Miguel sem a praga da varroa durante muitos anos. Julgo que não é a realidade de todas as ilhas do Açores. Estou correcto? O que estão a fazer para evitar a entrada da varroa?

    Quais são as doenças de abelhas mais frequentes em S. Miguel? Qual é a produção média da ilha de S. Miguel? Que tipo de colmeia utilizam?

    • Tens razão Eduardo, há 3 ilhas dos Açores que têm varroa, são elas o Pico, Faial e Flores. Entraram porque um apicultor no pico importou enxames, salvo erro, do Canadá. As outras ilhas mantém as “fronteiras” fechadas a todo o material vivo, apicula.
      Em 2008 foi detectada Loque Americana em S. Miguel. Ouve uma ação concentrada para erradicar os focos, e desde então nunca mais se detectou tal .moléstia. A cera que entra na ilha é toda estrelizada. Creio que nas outras ilhas da-se o mesmo.
      A colmeia que predomina em S. Miguel é a langstroth logo seguida com a reverversivel. Ja no Pico por exemplo, predomina a lusitana.
      A produção média num ano normal deve andar à volta dos 20kg colmeia. Se a primavera for boa, produz-se um monofloral de insenso, um mel claro, único no mundo.
      No verão predomina o mel de trevo que é produzido desde maio\junho até agosto, princípios de setembro.
      Se quiser consultar o meu blogue para mais alguma informação, que não tenha lembrado de mensionar, chama-se Apicultura nos Açores.
      Continuarei a acompanhar o blogue do Afonso e as vossas conversas que são sempre muito instrutivas.
      Abraço deste lado do atlântico.

      • Eduardo Gomes diz:

        Obrigado Luís.
        Em S. Miguel sem varroa e sem loque americana desde 2008 a apicultura é o que deveria ser em todo o lado: as abelhas e o apicultor, sem outra bicharada a atrapalhar.

        Já li sobre esse excelente mel de incenso, julgo que no blogue do Pifano. É comercializado no continente?

        O teu blogue já estava nos meus favoritos. Os meus parabéns pelos conteúdos cuidados e pertinentes. Foi lá que li uma entrevista muitíssimo interessante acerca do aquecimento e ventilação das colmeias. Mas há muitos outros conteúdos a merecerem a melhor atenção de todos nós.
        Um abraço!

      • Humm, não creio que o mel de insenso seja fácil de encontrar no continente, 1º porque normalmente temos primaveras chuvosas o que faz com que a quantidade não seja muita para “exportar” pró continente. 2º nos últimos anos tem vindo um senhor de nacionalidade alemã que vem cá e compra as produções de quase todos os pequenos e médios apicultores. Há rumores que o mel depois é vendido nos Estados Unidos a mais de 20$ por kg, mas isso não posso precisar pois é o ‘diz que disse’. Se este ano tirar algum (até furacões temos tido) podemos combinar aí um envio de uma magnífica embalagem de mel de incenso. (O Miguel Cunha Gomes se estiver a ler isso vai dizer “este gajo ainda está para me enviar uma amostra desde o ano passado” lol e é verdade, mas como a procura é tanta, até os donos dos apiários tem ficado apenas com mel do verão) mas prometo que ainda vou enviar
        :p

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